Foram desembolsados R$ 5,4 bilhões referentes a sinistros em 2021, contra R$ 4,2 bilhões que entraram no caixa das seguradoras.

Os problemas climáticos que os produtores brasileiros enfrentaram no ano passado fizeram disparar a sinistralidade do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), que passou de 84% em 2020 para 125% em 2021. Foi o maior índice desde 2015 (90%). As 15 seguradoras que atuaram no programa no ano passado pagaram mais em indenização aos produtores do que arrecadaram com a contratação das 217,9 mil apólices, outro número recorde. Os desembolsos com os sinistros somaram R$ 5,4 bilhões e o montante que entrou no caixa das empresas, R$ 4,2 bilhões. A repetição das perdas por causa do clima deve elevar o custo do seguro rural no país. Só nos dois primeiros meses de 2022, as seguradoras já pagaram R$ 4,5 bilhões em indenizações devido aos sinistros das lavouras de soja e milho verão castigadas pela seca no Centro-Sul do país.

O Ministério da Agricultura espera que a entrada de mais empresas e a consolidação do mercado ajudem a massificar a contratação e a reduzir o valor dos prêmios, mas admite, em relatório divulgado ontem, que a elevação de sinistralidade nos últimos anos pressiona o aumento das taxas de prêmio praticadas. Em 2021, o PSR foi acessado por 121,2 mil produtores, alta de 15% em relação a 2020. Quase 28% desse público foi atendido pelo programa pela primeira vez. Já a área coberta cresceu menos – 2,5%, para 14 milhões de hectares, principalmente nos três Estados do Sul do Brasil. O governo aplicou os R$ 1,18 bilhão em subsídios para mais de 60 culturas e atividades diferentes. A soja, no entanto, foi a maior beneficiada, seguida do milho 2a safra e do trigo.
Os sojicultores contrataram mais de 103,3 mil apólices em 2021, em 8,3 milhões de hectares e com valor segurado de R$ 38,5 bilhões. Foram gastos R$ 485 milhões de subvenção nessa cultura, 41% do total. O milho aparece bem depois, com R$ 330 milhões (28%), e o trigo, com R$ 100 milhões (8,5%).

O valor total segurado aumentou 49% na comparação com o ano anterior, para R$ 68,3 bilhões, valor cinco vezes maior ao de 2018, de R$ 12,5 bilhões. A elevação do preço das commodities agrícolas é refletida nesse número, o que também gera altas no custo do prêmio e no gasto da subvenção do programa.A taxa média do prêmio aplicada aos contratos de seguro rural negociados no âmbito do PSR já apresentou uma leve alta, passando de 7,46% para 7,54%. A tendência agora é novamente de elevação. O valor médio da subvenção por apólice passou de R$ 4,5 mil em 2020 para R$ 5,4 mil em 2021, e a média por produtor saiu de R$ 8,3 mil para R$ 9,7 mil.

 


“Embora a taxa média tenha ficado em 7,54%, a taxa efetivamente paga pelo produtor que recebeu subvenção via PSR em 2021 foi de 5,04%. Ou seja, a subvenção reduziu o custo de aquisição da apólice em aproximadamente 33%”, diz o relatório. Segundo o Ministério da Agricultura, cada R$ 1 aplicado pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural em 2021 foi capaz de segurar, em média, R$ 57,82 em valor de produção. O indicador, que mede o quociente entre a importância segurada e o subsídio pago, aumentou 70% nos últimos três anos.
Apesar do aparente crescimento do mercado de seguro rural, o ministério destaca que poucas seguradoras detêm participação significativa. Em 2021, apenas uma empresa contratou o equivalente a 43% do total arrecadado por todo o mercado e respondeu por 39% do prêmio arrecadado dentro do PSR. Em 2022, 16 empresas vão participar do programa – que conta, a princípio, com R$ 990 milhões de orçamento.

Fonte- Jornal O Valor Econômico 19/04/2022