Um levantamento realizado pela  AgroBrasil mostra que, entre os estados mais afetados pela estiagem na safra 2021/22, os comunicados de sinistro chegam a 90% do total de apólices contratadas.

“Nós projetamos pouco tempo atrás uma sequência que podia chegar a 50% das apólices com comunicado de sinistro, e hoje nós passamos disso. Temos estado passando de 90%, como é o caso de Mato Grosso do Sul. O Rio Grande do Sul passa de 70% de frequência em comunicado de sinistro”, conta o coordenador comercial da AgroBrasil, Moacir Oss Emmer.

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Segundo ele, apesar do volume de ocorrências, as empresas estão preparadas para atender à demanda desta temporada. “As seguradoras têm um planejamento antes de iniciar a safra. Nós, particularmente, temos um contrato que é definido antes do início e temos um limite de contratações. E é em cima disso que a gente trabalha, então, não há risco desse valor não ser pago, em caso de uma catástrofe como essa que está acontecendo agora”, disse Emmer.

O reflexo da estiagem é percebido em várias regiões de produção agrícola do país. De acordo com levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a baixa umidade no solo afetou principalmente os estados do Sul e Mato Grosso do Sul. Os dados da pasta mostram que 81 mil produtores acionaram o seguro rural e o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) nesta safra.

 

O valor segurado em análise passa de R$ 5 bilhões em indenizações. Entre as culturas mais afetadas, a soja tem quase 37 mil acionamentos, com 32% das apólices sinistradas e 22,2% da área afetada contratada com seguro, o que equivale a 1,7 milhão de hectares que serão vistoriadas pelas seguradoras.

Dicas do especialista

Moacir Oss Emmer alerta para a importância do envio de informações corretas e atualizadas para agilizar o processo de sinistro. “O cenário muda todo dia, então o produtor que necessita antecipar sua vistoria e precisa de urgência tem que estar com essa comunicação com os demais canais [corretora e seguradora] muito bem feita”, completou.

 

Cultura de contratação de seguro rural

 

Diferentemente de alguns países, o seguro agrícola no Brasil não é obrigatório. O especialista acredita que, para amenizar os prejuízos com o clima, os produtores precisam mudar o conceito de necessidade de contratar uma seguradora, em todas as safras.

 

“O conceito do seguro agrícola trabalha em cima de distribuição de risco. Quanto mais distribuído estiver o risco, a possibilidade de prejuízo para todos é menor. Sem contar que, quanto mais produtores fizerem o seguro, a tendência é de que as tarifas também acabem reduzindo”.

A contratação de seguro deve ser feita, independentemente, se a projeção para a safra daquele ano seja positiva ou negativa, diz Emmer. “Para que a distribuição de risco funcione é importante que o produtor crie o conceito e a cultura de fazer seguro e não busque proteger [somente] quando ele enxergue que exista a possibilidade de risco”.

 

Fonte: Canal Rural.